O MUNDO DE BOBINHO nov 2008

POR ROBERTO BONOMI

Bob, ou Bobinho como era mais conhecido, pensava na tecnologia do mundo moderno e suas vantagens, e desvantagens. Ouvia-se muito, nos dias atuais, sobre o degelo das crostas polares, gerando o aquecimento global, outros diziam (e Bobinho até viu um filme a respeito outro dia) que muito pelo contrário, a terra se congelaria, e achava muito engraçado como as conclusões eram tão diversas, tão contrárias ao extremo. O que não se podia negar é que queriam o fim da coisa. Ninguém podia negar também que o homem contribuía para a instabilidade do planeta, e já nos dias de hoje podíamos perceber a bagunça das estações, o clima muito adverso, as temperaturas completamente “fora de órbita”. Muitos diziam que ainda faltavam milhões de anos, outros diziam que mais alguns poucos anos teríamos um colapso grotesco. Era difícil calcular alguma coisa assim. Talvez, observou Bobinho, fosse a tecnologia, o apogeu de uma era moderna, uma evolução predestinada. Bobinho lembra-se uma vez quando Mamãe colocou massa de bolo demais na forma, e curioso, observando pela “janelinha” do forno, viu a massa transbordar pelas bordas fazendo aquela sujeira. Lembrou-se de outras tantas civilizações, que chegaram muito mais longe que a nossa, criaram coisas muito mais tocantes que um simples chip, deixaram sua marca para sempre, pedra sobre pedra, e ainda nem sabíamos como. Quem sabe daqui a 4 mil anos alguém acha um monitor de plástico enterrado e vai pensar o que daquele pequenino objeto, ou carcaça de um carro feita de material leve com composições de carbono, uma pirâmide de concreto amontoada, sem forma definida (prédio). Tudo que se constrói hoje é para durar pouco, intencionalmente, cada vez mais, insignificante perto da natureza ao redor. É certo que uma maior facilidade foi revelada. Imaginem, mesmo nas civilizações muito antigas que já tinha aquedutos e guindastes potentes, um isqueiro que cabe no menor bolso, e pode acender milhões de vezes apenas com um toque, podendo até ser molhado sem se danificar. Imaginem os Impérios que dominaram continentes por quase um milênio com a facilidade da internet. A caneta esferográfica, brinde barato, não damos a mínima atenção, objeto sem valor. Quantos livros os antigos pensadores teriam escrito com elas. O lápis, quantos desenhos não teriam feito. Estas são coisas muito banais nos dias de hoje, mas poderiam ter sido muito valiosas fora do seu tempo. Pode ser que esteja se repetindo há muito esta roda da vida. Existem, na costa americana do pacífico múmias de 6 mil anos bem conservadas. Um dia quiçá foi a engenharia da preservação a coqueluche, a engenharia da construção, muito óbvio, a engenharia de coisas que nem desconfiamos. Hoje é o chip, o infravermelho, a internet, a descoberta do universo a nossa volta, e com isso, talvez no seu último estágio evolutivo, seja provavelmente o fim de nossa permanência na terra porque o homem trocou o seu propósito de existir pela ganância. Ouve-se falar a todo o momento na conquista do espaço, burrice pensou Bobinho, o homem deveria conquistar sua bela Terra e sua própria vida.