UMA BREVE HISTÓRIA DOS SALÕES DE HUMOR onde tudo começou

por FERNANDO COELHO DOS SANTOS
Idealizador do 1º Salão de Humor do Brasil


“Nos anos 1970 os medalhões do cartunismo nacional eram grandes vencedores de alguns famosos Salões que existiam mundo afora, como o de Ottawa no Canadá, ou o de Bruxelas, na Bélgica ou Bordighera, na Itália. Nós, os recém chegados, não tínhamos espaço nem no mercado e nem junto ao público e foi quando surgiram os meninos do Mackenzie com a proposta de realizar evento semelhante no Brasil. Fernando Coelho dos Santos, do Diretório Central da Universidade me procurou com esta idéia na cabeça, pra ver o que poderia ser feito. Fizemos então o primeiro do gênero no Brasil, em 1973”.
Zélio Alves Pinto

Cartaz do primeiro Salão de Humor do Brasil, arte de Zélio Alves Pinto, o 1º Salão Mackenzie de Humor e Quadrinhos, idealizado por Fernando Coelho dos Santos, realizado pela pela faculdade Mackenzie, que diz em enterevista “uma alegria enorme em poder realizar um feito que beneficiou a cultura e os artistas brasileiros”. Com exposição dos trabalhos no Museu Lasar Segall, na capital de São Paulo.

Foi ali que tudo começou, tomando como ponto de referência estes salões já existentes mais nossa adaptação natural às condições de um país que, sem tradição no pedaço, sofria com a censura, o regime militar e a falta de meios. Mas foi um sucesso tão grande que gerou similares no país todo e a proposta sobrevive até hoje chegando até Foz do Iguaçu, a outra extremidade desta história.
Na década de 70 vivíamos em um regime político onde o “AI 5″ e o ”477″ impediam o livre trânsito de idéias, e foi dentro deste contexto que surgiu o Salão Mackenzie de Humor e Quadrinhos.
Como Vice-Presidente Administrativo do DCE Mack, eu tinha que analisar e organizar os papéis existentes no diretório, e no meio deles encontrei informações sobre um concurso de Caricatura que tinha sido realizado dois anos antes dentro do campus da Universidade.
Leitor assíduo do Pasquim, comprei a idéia. Procurei o Zélio, coordenador daquele concurso e coordenador de um programa sobre desenho de humor na TV Cultura, e na primeira conversa a proposta, que era promover um concurso estadual, logo se tornou mais amplo, incluindo demais áreas do desenho de humor e as histórias em quadrinhos, e mais abrangentes, pois se tornou de âmbito nacional.
A inexperiência do DCE não significou impedimento para a realização do evento, pois passamos a contar com o apoio integral do Zélio, do pessoal do Pasquim e da Folha de São Paulo.
Depois vieram os apoios da TV Bandeirantes, da Revista Veja, do Jornal da Tarde, e de inúmeros outros veículos de comunicação brasileiros.
Com a realização do Salão Mackenzie, a imprensa passou a dedicar mais espaço para os desenhos de humor e para os quadrinhistas brasileiros, outros salões foram criados a partir daí, e hoje inúmeros artistas brasileiros ocupam lugar de destaque no cenário internacional.