EE BRASIL Ternura O Afeto Essencial “Hay que endurecer sin perder la ternura...”

por VERA CAVINATO
Coordenadora dos Professores da E. E. Brasil

Para tudo que se faz na vida existem dois caminhos: fazer pela obrigação, pelo dever, fazer por fazer, muitas vezes como quem se dirige ao cadafalso ou fazer com prazer, com alegria, pela necessidade pessoal de se fazer bem feito.
É claro que temos adeptos dos dois caminhos, cada qual defendendo seu ponto de vista que não cabe aqui discutir. Mas cabe lamentar o primeiro caminho.
Aprendi com minha mãe: “fazer um arroz bem feito, saboroso, demanda o mesmo tempo que fazer um arroz mal feito, insosso.”
Trabalhar pode não ser uma maravilha e também pode ser uma aventura prazerosa, dependendo da ótica. Se uma pessoa sai de casa e uma rebeldia vem à tona quando pensa na árdua tarefa que terá pela frente durante, pelo menos, oito horas do seu dia, com certeza ela está fadada à infelicidade de ver as horas, os dias, meses e anos se arrastarem até sua aposentadoria ou até o prêmio da mega sena chegar ( hipótese improvável!). Contudo, se ela olhar para o trabalho como satisfação de servir ao próximo, como momentos de aprendizagem, de convivência, de relacionamentos divertidos e enriquecedores, ela não terá a sensação de que está trabalhando nem de que seu tempo se arrasta.
Existe um segredo para que essas pessoas tenham sempre um sorriso no rosto, um olhar carinhoso, um aperto de mão sensível, uma palavra que funciona como afago?
Existe. Mas não é trancado a sete chaves. Está aí para todos que quiserem lançar mão. Chama-se “ternura”. E a ternura se manifesta no gesto, no olhar, no sorriso, na palavra. É a ternura que faz com que o outro não se sinta desamparado. É ela que faz com que o outro se sinta importante, vivo, confortável.
A ternura é um sentimento honesto, sincero, que não dá pra fingir. Pouco importa se o outro possui laços de sangue ou amizade. Pouco importa a cor da sua pele, o nome do seu pai, sua herança genética, seus traços físicos. A ternura torna as relações menos egoístas porque possibilita que cresçam raízes que entrelaçam as pessoas, cria uma dependência saudável do sorriso, do olhar, do toque, da palavra, do gesto amigo.
Para todos, a ternura é essencial. Para o professor, porém, ela é vital. É ela que torna o professor grande, enorme. É ela que destrava o olhar, o sorriso, a confiança, a amizade. É ela que permite que ele se coloque no lugar do outro, se interesse pela vida do outro, cresça com ele, o perdoe e partilhe de seus sonhos. É ela que possibilita uma parceria de vida, uma cumplicidade que extrapola os muros da escola e que siga pela vida toda como uma lembrança gostosa do professor que conquistou a admiração, o respeito, à grandeza porque teve uma sensibilidade sem tamanho!