Desenho de Mohammad Reza Dadmehr_IRÃ
JOSÉ ANTONIO FAGOTTI
jafagotti@hotmail.com
Todos nós estamos a procura da felicidade. Quem não gostaria de ser feliz. Só que a procuramos nos mais variados lugares e nas mais diferentes formas. Como diz o poeta Vicente de Carvalho, nos versos finais de Velho Tema:
“Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa que sonhamos,
Toda arreada de dourados pomos,
Existe sim; mas nós não a alcançamos,
Porque está sempre apenas onde a pomos,
E nunca a pomos onde nós estamos”
Quer dizer, colocamos nossa felicidade em expectativas exteriores, como um emprego novo, uma casa nova, um carro zero, um amor novo, sempre em causas exteriores, mas ela está dentro de nós.
Independe do que temos, da posição social que ocupamos, de nosso status na sociedade.
Nós, criaturas humanas já viajamos pelo espaço com as naves e foguetes, colocamos no espaço satélites e estações espaciais, fomos a Lua, descobrimos outros planetas fora do nosso sistema solar, exploramos os abismos dos oceanos, conquistamos o entendimento sobre o átomo, cientistas conseguiram terminar o estudo do genoma humano. Ainda assim, com toda a tecnologia que estão a nossa disposição, não conseguimos encontrar a plenitude, a felicidade.
Por quê? O homem não conseguiu, apesar de todo o conhecimento, se libertar do egoísmo e do orgulho. Enquanto se gasta bilhões em gastos militares, para promover a hegemonia, a supremacia de um povo, de uma etnia, de uma raça, morrem de fome e de doenças perfeitamente evitáveis, milhões de seres humanos.
Conquanto todo o progresso, que atualmente são fantásticos, o homem não realizou a grande viagem ao seu interior, razão primordial de sua existência. Como seres inteligentes que somos, precisamos descobrir quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Porque estamos aqui? São perguntas fundamentais de nossa existência a fim de estabelecer os parâmetros propiciadores de nossa felicidade de forma a desenvolver o enriquecimento moral e espiritual.
Enquanto não encontrarmos as respostas, a vida se nos apresentará sem sentido, tornando-se um desafio recheado de desencanto e aflição.
Podemos alcançar a felicidade hoje, a despeito dos problemas que estamos enfrentados.
Vamos olhar a vida com outros olhos, mudando a lente pelas quais enxergamos os fatos. Nós não somos somente aparência material e física. Já existíamos antes desse corpo e a ele sobreviveremos. Através desse conceito, conseguiremos entender muitos de nossos enigmas, as problemáticas do inter-relacionamento, da dor, do desamor, da carência seja física ou emocional.
A felicidade tem uma conotação diferente para cada criatura. Por estarmos, a maioria, ligados as coisas materiais, condicionamos nossa felicidade a aquisição de bens materiais, outros estão atrás da fama, do sucesso, do poder, outros ainda, acham que a felicidade esta associada a inexistência de problemas. Alguns dirão que tem problemas nesta vida e por isso não podem ser felizes. Mas renascemos aqui, justamente para resolver problemas, problemas esses que criamos por nossas atitudes equivocadas, nesta existência ou em existência anteriores.
Como disse outro poeta, Fernando Pessoa:
“Quem passa pela vida em brancas nuvens
E em plácido véu adormeceu,
Foi espectro de homem, não foi homem
Só passou pela vida, não viveu”
Isso quer dizer. Todos enfrentamos problemas. São desafios que temos que vencer. São oportunidades de crescimento, notadamente naqueles aspectos que mais necessitamos de aprendizado. Por detrás dos problemas existem lições, desafios, tarefas. E grande ventura tomará conta de nós quando vencemos os obstáculos que a vida nos apresenta, agindo com critério, coragem e serenidade. Todos passamos por provas ou expiações. É o preço que pagamos pelo nosso crescimento interior.
Nosso objetivo é progredir, intelectualmente, moralmente e espiritualmente e ao mesmo tempo tomar consciência de que as circunstancias felizes ou infelizes de nossa vida são resultado direto de atitudes boas ou ruins vivenciadas ao longo de nossa caminhada.
Construímos castelos no ar, sonhamos irrealidades e por entre ilusões, investimos toda a nossa felicidade em relacionamentos cheios de expectativas coloridas e acabamos nos decepcionando.
Ninguém pode nos fazer felizes ou infelizes. Somente nos mesmos é que regemos nosso destino, somos herdeiros de nossos atos. Assim sendo, fracassos ou sucessos são produtos de nossas atitudes construtivas ou destrutivas
Então a felicidade é possível agora. Não precisamos transferi - lá para depois, quando conquistarmos determinada situação.
Encaremos a vida com os olhos do bem, com a visão do amor e com o concreto desejo de olharmos a nossa volta e verificarmos que nosso Pai Celestial tudo nos legou para sermos felizes.
Abençoemos o trabalho em que a vida nos situou. Enfrentemos com serenidade os obstáculos da vida e assim, amando e servindo, haveremos de encontrar a felicidade que espera por nós.