As dez melhores bandas nacionais de todos os tempos

por MAGMA TORO
letrista e músico


Com a abertura ditatorial, o cenário de Brasília, que outrora foi marcado pela repressão militar a jovens universitários e artistas além dos “rebelados” que não compartilhavam dos ideais de partidos opressores, o que antes se chamou tropicália agora ouviria as ensurdecedoras guitarras do movimento punk daquela cidade. As calças boca-de-sino cederam lugar a jeans mais apertados, as camisas bem comportadas, geralmente de listras com cores exuberantes, naquele momento, davam lugar as camisetas brancas pichadas com frases de protestos. A UNB – Universidade de Brasília agregou as primeiras tribos do que seria conhecido mais tarde como “rock’n new wave”, a “nova onda”, trazia pelos filhos burgueses de embaixadores, médicos, engenheiros e chanceleres que estudavam em colégios ingleses e podiam, com a grana de seus pais, adquirir os primeiros compactos de bandas como Sex Pitols e Ramones. Ainda que a universidade viesse a levantar a bandeira da liberdade poética, foi somente na Colina que visionários como Renato Russo, Dinho Ico Ouro Preto, Fé Lemos, Herbet Viana, Renato Rocha entre outros gênios, ditos malditos, é que os primeiros acordes ressoaram nas ruas escuras da grande Capital Federal. Indiscutivelmente, bandas centrais como Dado E O Reino Animal e Plebe Rude, são, apesar de algumas controvérsias, as duas predecessoras na formação musical da garotada da Colina. Entretanto, foi somente com o advento da formação do Aborto Elétrico é que a geração Coca-Cola não mais dependia da aprovação das “velhas barbas sociais”, como era tratada a política de abertura ditatorial. Despreocupados com as regras do “cala-te”, anos mais tarde, aquela banda que ousava tocar apenas com um amplificador ligado a duas guitarras, um microfone e um contrabaixo comprado em um brechó, o Aborto Elétrico daria espaço para a criação da Legião Urbana e Capital Inicial. Ah! No mesmo período, Os Paralamas do Sucesso já haviam gravado seu primeiro LP e justamente aquele rapaz franzino de óculos chamado Herbert Viana, trouxe à luz do país uma “trindade personalíssima do rock nacional”. Não há dúvidas que a Legião, Capital e Paralamas formaram os pilares do rock new wave no Brasil, apesar de que nos primeiros trabalhos dos rapazes de Brasília, são nítidas as raízes do punk rock em suas canções. Mais o Rio Grande do Sul também esteve representado. A banda sulista Nenhum de Nós é o estratagema de que para o rock’n rol não existe fronteiras, seja elas pela forma com que se escreve, canta ou pela atitude que apresentam diante de seu público, nada disto, a diferença esta no comportamento, na sua identidade, na sua força e coragem de se agregar a uma causa comum, mesmo que a distância seja apenas visual. De São Paulo Uns e Outros enviaram uma “Carta Aos Missionários” para as terras da Bahia, donde uma menina despontava com seu “Admirável Chipe Novo”. Em sua primeira entrevista, quando perguntada a respeito de seu trabalho, à baiana roqueira se ateve simplesmente a responder aos jornalistas: “- Pitty... Sim senhor... Meu nome é Pitty!”. Como disse para nós músicos nossa personalidade é o que nos identifica e nos separa dos demais. Mais existe outros personagens, novas tribos que já traçaram seu caminho. Talvez as misturas do Skank possa ser o retrato desta miscigenação, dos retoques sutis da batida do Ska com o ardor alternativo dos metais e tambores de Ouro Preto as praias do Rio. Atualmente estilos retornam das cinzas, criam novas tendências, direcionam póstumos mercados. Para nós, o que se entendia por hard core hoje já a re-nomearam de emo core, com suas letras flutuantes, quase que suicidas, com o perdão da palavra. Para tanto é preciso se reconhecer à história do artista. Nexo Zero, de fato, para os amantes do estilo, foi à única grande revelação do rock no cenário nacional. Entretanto, em terra de Titãs, nós, meros mortais, devemos aprender com aqueles que se foram, estão, são e serão eternos na memória dos que amam e vivenciam o rock’n rol. Eu, Magma Toro, vocalista da banda Unidade Temporal, por outro lado, ainda tenho muito que aprender.